quinta-feira, janeiro 19, 2012

JUCA RAPHAEL IN MEMORIAM


Juca Raphael meu segundo companheiro de jornada se foi em uma manhã cinzenta de quarta-feira. Há dois anos esteve muito doente na época pensei que atravessaria a Ponte do arco-íris, mas São Francisco de Assis os Anjos e Devas o deixaram comigo por quase dois anos, anos onde esteve o tempo todo sob cuidados, mas manteve-se estável, levava uma vida condizente com sua idade.  Mas nos últimos meses emagreceu demais e nada o fazia recuperar o peso perdido. E nos últimos dez dias vi sua vida se extinguindo como uma vela que vai lentamente se apagando até ouvir o sopro final.

Nos primeiros dias ainda andava, fazia manha, mas nos últimos quatro dias não andou mais, fui vendo um  corpinho sem carne, sem forças, quase sem vida, mais ainda o alimentava, tomava água. Segunda-feira paralisou tudo, parecia que estava embalsamado, sem movimento sua aparência se fez assim por causa da sua extrema magreza, mais mexia a cabeça, me reconhecia e tinha sensibilidade nas costas e pescoço, ao ser acariciado balançava o rabo levemente. Quando o pegava no colo sentia-se aconchegado e encostava a cabecinha em meu peito docemente.

Ontem tive até receio de alimentá-lo tão fraco estava, mas mesmo assim dei algumas colheradas de A/D, mas entrei em desespero, um companheiro de jornada partir com sofrimento já é triste demais, mais partir por fome para mim é inaceitável. Fui comprar água de coco, fui dando com conta gotas 3 em 3 gotas, pois ele não tinha força para engolir, levei mais de duas horas para dar 50 ml, à noite dei mais 30 ml.

Estava extremamente fraco conforme ia dando água às vezes ele “conversava”.

À tarde o coloquei em um cesto e caminhei pelo quintal, fui mostrando as coisas que ele gostava as plantas que gostava de comer, ele levantava a cabeça quando lhe mostrava algo. Depois me sentei na área ficamos lá, dava água, homeopatia e Florais a cada 15 minutos. Eu orava ele dormia, de vez em quando movia a cabeça e me olhava, depois cochilava novamente ficamos horas neste silêncio.

Pela manhã ouvi um som estranho, corri percebi que estava partindo parecia um soluço, me sentei ao seu lado e fui conversando, vai querido, eu te amo, mais São francisco de Assis o está esperando para recebê-lo em seus braços, os Anjos, os Devas, a Juma e a Uriel e todos os cãezinhos que conviveram com você aqui nestes nove anos o esperam. Neste momento final da vida terrena de qualquer  Ser vivo, seja humano ou não humano não há muito o que falar, pois nenhum ser humano tem poder de mudar este momento final  de nossa estadia na Terra, dizem que temos a hora exata para vir e voltar para o Cosmos, não sei se é assim, mas com certeza, este é um momento único na vida de cada ser.

E ele partiu tranquilamente. Eu o fiquei olhando grata por não estar mais sofrendo e ao mesmo tempo incrédula que naquele frágil corpinho não havia mais vida. Continuei segurando sua patinha após sua partida um tempão, como se eu pudesse mudar o que não tem retorno.

Eu não gosto da palavra “morte” não acredito nela, todas as religiões dizem que existe “céu e inferno”, se existe esses lugares é porque algo em nós vai habitar em um desses locais, portanto, acredito na Ponte do arco-íris, onde o Juca deve agora estar livre da dor, livre do sofrimento. E um dia vamos nos reunir novamente, três dos meus companheiros de jornada estão lá nos esperando a mim e aos irmãos.

Cada um que parte fica um vazio imensurável, mas também fica a imensa gratidão de ter tido a oportunidade de compartilhar a vida com eles. De se tornar um humano melhor, pois se estamos atentos a eles percebemos o quanto são nossos mestres no amor, na verdade, na pureza e na lealdade.

Eu chamava o Juca de “meu” gato-cão, estava sempre ao meu lado, enquanto trabalhava ele se deitava em sua almofada ao meu lado, e de vez em quando pedia colo. Dormia ao meu lado desde filhote, agarrado em mim. Foram quinze anos, belos anos. Estive pensando porque será que um ser humano aos quinze anos de idade está no apogeu da juventude, e os animais estão em geral terminando sua estada aqui neste Planeta. Será que é porque seres puros ficam pouco tempo conosco para nos ensinar o valor da vida? Não o valor material, não o valor de ser mais ou menos, mais o valor de viver amando verdadeiramente, viver amando seus tutores incondicionalmente. Eles se vão e nós humanos nem percebemos a sutileza que eles nos deixam de que o que vale não são os anos vividos, mas como os vivemos. Necessitamos apenas  do essencial para viver e ser feliz, nos alimentar, amar com o coração e a alma e simplicidade.

Essa é a lição que eles nos deixam, sejam simples, sejam dignos, sejam leais, sejam puros de coração, pois nada deste mundo poderá ser levado na viagem final, levaremos apenas nossas ações.

Juca querido até qualquer dia, a vida será difícil sem você, minhas noites serão vazias, mais cada vez que eu passar a mão e não o encontrar me confortarei sabendo que apenas não o vejo, mais você estará sempre presente, pois ninguém “morre” quando é amado, quando é lembrado.

Dê lembranças para a Juma e Uriel.

Juca Raphael   * 20-09-1996
                      + 18-01-2012

                Quando chegou devia ter uns 6 meses
 Tempos de juventude ainda em Sampa
 Com a Juma em Sampa  - dia de faxina.
Com a Juma na cesta de revistas

 Com a Juma
 Família reunida, Uriel recém chegada
 No apogeu da saúde  - Sampa
 Sampa

 Com Uriel  em Sampa
Com a Juma  - Sampa

Tempos de saúde e alegria -  2008
 2008
 2009
  2009
  2009



 2009

 Com Miguel Arcanjo, grandes amigos 
 Fim de 2009 e 2010 momentos difíceis, ficou muito doente


 Mas mesmo doente estava estável levava uma vida digna.


 Adorava grama
 Apesar de doente estável




Família reunida, fato raro, pois o Miguel não gosta de patê



 Comida à disposição onde estivesse.

 Descansando à tarde
Juca e o catnip
 Juca e o catnip
 Juca e o catnip
 Juca e o catnip
Juca e o catnip



Tomando sol   17-08-2010
Me ajudando a trabalhar  - 2010

Ração por todo lado para estimulá-lo a comer.


 Estímulo para beber água, bacia grande dentro do quarto



 Com a Megg



 Drª  Andressa Vieira de Melo, nosso Anjo da Guarda nos momentos mais difíceis, sempre pronta para nos ajudar ao Juca e aos seus irmãos. Obrigada! Dê, somente Deus pode pagá-la.
Se alimentando em 2010

Últimos dias
Já sem forças -  09-01-2012
 09-01-2012
Sem se movimentar -  13-01-2012
 13-01-2012
 13-01-2012
13-01-2012
 14-01-2012


14-01-2012
 16-01-2012
 16-01-2012
16-01-2012
16-01-2012

 Dia em que caminhamos pelo quintal se despedindo 
  17-01-2012



 Dia em que caminhamos pelo quintal se despedindo
  17-01-2012
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Momentos especiais

Juca contando a história de sua família felina,  depois dele contar a história da família cada um deles contou sua própria história.


Homenagem em seu aniversário de 2010

Juca antes e depois da doença
Lutando para mantê-lo alimentado em 2010

 Agradecimento especial a Drª. Otília E. Link sua veterinária que o ajudou a se manter estável nestes quase dois anos o tratando com homeopatia. Drª. Otília, sempre atenciosa e amorosa conosco. Obrigada!


2 comentários:

Ana Paula disse...

Compreendo bem a sua dor. A minha querida gata Marquinhas também foi para junto dos companheiros que antes dela partiram e que como ela deram-me o que nenhum ser humano seria capaz de dar. Tal como o Juca, a Marquinhas também ficou tão magra que às vezes tinha receio de lhe quebrar algum osso. Nunca se queixou mas eu percebi que sofria. Quando por todo o seu corpo, começaram a aparecer feridas resolvo eutanasiá-la e assim acabar com aquele sofrimento. Os nossos animais estão apenas noutra dimensão. Enquanto esperam por nós, tenho a certeza que são muito felizes.

Ana Paula disse...

http://ossodecao.blogspot.com/2012/01/marquinhasexemplo-de-resignacao-e.html